De forma muito simplista, autoestima é a capacidade que uma pessoa de confiar em si mesma, sentindo-se capaz de enfrentar os desafios da vida, expressar-se de forma adequada perante si e perante os outros e satisfazer as suas necessidades e os seus desejos de forma assertiva e determinada. Ou seja, uma pessoa com autoestima positiva desenvolve ativamente o amor-próprio, cultiva relações humanas mais positivas, está mais disponível para gostar dos outros e cooperar com estes.
Deste modo, é perfeitamente compreensível que a existência de uma baixa autoestima seja geradora de ansiedade, medo, depressão, entre outros problemas psicológicos / psiquiátricos graves que são capazes de abalar profundamente a saúde mental da pessoa acometida, que poderá sucumbir a uma espiral emocional negativa, se não procurar ajuda imediatamente, porque as citadas problemáticas tende a exacerbar-se ao longo do tempo e a reforçar-se mutuamente.
Tendo por norma inicio numa comparação distorcida com os outros (acreditando piamente que estes são melhores, mais bonitos, mais bem-sucedidos...), a baixa autoestima resulta sempre de um desequilíbrio ente o "eu real" e o "eu ilusório" da pessoa, implicando, na maior dos casos, uma valorização excessiva do "eu ilusório" que pelo facto de ser virtual, contribui para exacerbar ainda mais as distorções percecionadas, fazendo disparar inadvertidamente mecanismos que fazem emergir sentimentos de inferioridade. Daí até à desvalorização das qualidades pessoais e à acentuação das próprias limitações é um paço muito breve.
Como é evidente, pelo facto de não existir ninguém que idealiza como "ideal de vida" ser portadora da uma doença oncológica e ter que se submeter a uma série de tratamentos profundamente limitativos, evasivos e muito limitantes, a presente realidade, origina sempre um afastamento inevitável dos dois "eus" que falamos anteriormente (eu real v/s eu ideal), contribuindo de forma concomitante para um acentuar de importância do "eu ilusório" que ganha bastante protagonismo como mecanismo de negação da realidade vivenciada. Tal realidade, faz com que o surgimento de perturbações agudas de autoestimas sejam muito comuns nas populações oncológicas, especialmente evidentes nos doentes que para além do que referimos, têm ainda que ser submetidos a cirurgias mutilantes (ex: mastectomia, traqueostomia, colostomia, urostomia...)
Sendo igualmente importante, referirmos que as pessoas que caem neste círculo vicioso tornam-se incapazes de enfrentar os desafios que a vida lhes reserva porque deixaram de acreditar nas suas potencialidades. Para além disso, e de forma cumulativa, a sua estrutura emocional tende a ficar bastante abalada, conduzindo as pessoas com baixa autoestima ao pessimismo é à negatividade.
Tal realidade, para além de facilitar bastante o surgimento de diversas psicopatologias que já foram citadas neste breve texto, origina quase sempre uma perda significativa do "espirito de luta" do paciente oncológico que tende a aderir muito menos aos tratamentos preconizados, a desenvolver uma negação da doença de forma muito mais vincada e a resistir muito menos aos efeitos secundários das terapêuticas oncológicas, tendo como consequência inevitável a redução da sua qualidade de vida e o encurtamento do seu tempo de sobrevida.
Efetivamente, as pessoas com baixa autoestima tendem a ser propensamente infelizes, a desvalorizar os seus sentimentos e a satisfazerem-se com muito pouco. Sendo importante percebermos que, ao desvalorizam-se a si mesmass (pela falta de amor-próprio), as pessoas que sofrem de baixa autoestima, tendem a não se sentirem merecedoras de amor e do respeito dos outros, porque perderam o respeito por si próprias. Podendo em casos extremos, aceitar conviver com pessoas que as maltratam sistematicamente, porque perderam por completo a noção do que distingue a cedência da mera submissão e não possuem consciência do que merecem e do limite do razoável.
Sendo também bastante comum nas pessoas com baixa autoestima: 1) ignorarem os elogios que lhe são feitos porque já não acreditam na justeza do mesmo, 2) fugirem dos apelos desculpando-se com a falta de tempo e 3) recearem de forma exacerbada expor as suas ideias. E tal acontece, porque o seu cérebro passou a ser dominado quase integralmente por pensamentos negativos que alimentam este círculo, esmagando por completo os níveis autoestima existentes.