Representando um sentimento de pesar pela morte de alguém, o luto dito "normal" apresenta-se como um processo natural que tem começo, meio e fim que atinge a maior intensidade na hora em que se perde a pessoa querida. Depois esse sentimento tende a declinar até tornar-se, progressivamente, numa lembrança.
Porém, quando este processo não se finalizar de forma correta, impedindo que o indivíduo retorne as suas atividades cotidianas, dá origem ao denominado "Luto Patológico".
Dito de forma mais precisa, podemos dizer que num processo de luto normal, que ocorre após a morte de uma pessoa querida, existe a tendência para se desenvolverem sentimentos de ambivalência entre a aceitação da perda e o ajuste vivencial a um (novo) ambiente sem a pessoa perdida, tendendo sempre para uma normalização sucessiva (ao longo do tempo) dos sentimentos e emoções menos positivas(os) que foram despoletados. Contudo, quando o luto não se finaliza dentro do tempo esperado, podemos estar perante um quadro de luto patológico que deverá ser alvo de um acompanhamento psicoterapêutico adequado e especifico, para se evitar que ocorra uma desestruturação mental grave.
Em termos meramente teóricos o luto patológico pode ser divido em três tipos:
1) Luto crónico (aquele que tem duração excessiva e nunca chega a um término satisfatório);
2) Luto Retardado ou Ausente (aquele que apesar de existir uma reação aparentemente normal à perda, o indivíduo não exibe condições suficientes para superá-lo, fazendo com que as reações imediatas à morte tendam a não ser vivenciadas na ocasião e a serem acionadas mais tarde, através de outros eventos detonadores, com uma carga emocional menor, embora suficientemente forte para desencadear o processo) e o
3) Luto Severo (aquele em que se verifica uma intensificação do sentimento),
existindo necessidade de tratamento especializado para todos eles para que seja possível resgatar por completo a saúde mental existentes antes da confirmação da morte do ente querido.
Para tal, é fundamental que o psicoterapeuta seja capaz de fazer com que a pessoa enlutada reconheça e aceite a morte ocorrida e retome o controle das emoções e dos problemas que essa perda ocasionou. Para tal, é fundamental que o profissional de saúde esteja muito atento aos sinais indiciadores de luto patológico, devendo existir uma focalização da prestação de cuidados de saúde mental sempre que após a morte, o enlutado persistir no processo de luto por mais de um ano e apresentar os sinais e sintomas como:
1) Alucinações e memórias espontâneas relacionadas com quem se perdeu;
2) Fortes períodos de emoção relacionada com a pessoa falecida;
3) Anseios ou fortes desejos de que a pessoa falecida esteja presente;
4) Sentimentos de intensa solidão e vazio;
5) Afastamento ou evitação radical das pessoas ou locais que recordam o falecido;
6) Distúrbios do sono;
7) Perda de interesse pelas atividades profissionais, sociais e cotidianas.
Finalmente é extremamente importante termos em consideração que, para além do tratamento dos lutos patológicos anteriormente descritos, as Consultas de Luto, visam igualmente prevenir o surgimento dos mesmos, tendo um caráter preventivo. Para tal, é fundamental que os os familiares que estão a passar por um processo de luto (patológico ou não), sejam observados por um especialista de saúde mental, que os poderá acompanhar de imediato, para que os sintomas não se exacerbem e não exista a necessidade de se intervir de forma mais abrangente.