Procurando respeitar integralmente a base operacional do modelo BioPsicoSocial, segundo o qual Saúde é um estado completo de bem-estar físico, psíquico, social e espiritual, a Consulta de Acompanhamento Social e Espiritual, visa proporcionar uma resposta adequada às necessidades sociais e espirituais dos pacientes oncológicos e dos seus familiares, respeitando sempre as crenças e as convicções religiosas de todos os envolvidos.
Efetivamente, atualmente a comunidade cientifica é consensual ao considerar que o bem-estar social e espiritual (tantas vezes negligenciado no caso dos doentes oncológicos nas práticas clínicas realizadas num passado recente), devem ser consideradas como áreas vivenciais fundamentais para a manutenção e promoção de uma qualidade satisfatória e de um bem-estar integral, tanto para o doente como para os familiares que acompanham de perto o desenvolvimento de toda a problemática.
Tal realidade é perfeitamente compreensível e desejável se queremos atender à complexidade do ser humano e ao reflexo da citada complexidade na forma como a doença oncológica é interpretada e vivenciada por todos.
Neste sentido, a avaliação da qualidade da rede social existente (que deverá ser reforçada e dinamizada de forma adequada às necessidades do paciente), e o apuramento metodológico das vivências espirituais mais significativas do enfermo, constituem pilares fundamentais para que a adaptação à doença, a adesão terapêutica e o espirito de luta (tão fundamental para que o sistema imunitário do paciente reaja da melhor forma possível às adversidades existentes) sejam mantidos e reforçados ao longo do tempo.
Deste modo, sem descorar a importância da avaliação das possibilidades de apoio económico existentes na comunidade onde o doente se insere (que também constitui um objetivo primordial deste tipo de consulta), os objetivos major da presente abordagem visam:
1) a concretização da estabilização social do doente, promovendo a sua integração no seio da comunidade e a
2) promoção de uma vivência salutar da espiritualidade (englobando crenças, medos, ideologias religiosas, etc.), transformando-a num aliado terapêutico que é capaz de: a) contribuir para a consolidação da adaptação do doente à sua nova condição e b) promover um espirito de luta suficientemente sólido que promova a superação de toadas as etapas de tratamento preconizadas.