Estando cientificamente provado que os familiares dos doentes oncológicos evidenciam, por norma, índices de sofrimento psicológico muito similares aos presentes nos doentes oncológicos (depressão, ansiedade, Esgotamento Nervoso, Stress...), o seu acompanhamento especializado constitui, cada vez mais, uma prioridade interventiva que deve ser adequadamente assegurada para que seja possível a manutenção de uma qualidade de vida satisfatória para todos os elementos envolvidos.
Sendo importante salientarmos, que apesar dos esforços realizados pelo Serviço Nacional de Saúde e por vários organismos privados de pequena e média dimensão, o citado acompanhamento continua a ser uma "miragem", pela falta de recursos humanos de qualidade e pela precariedade e inconstância dos serviços prestados. Tal realidade, faz com que a existência de uma consulta especificamente direcionada para os familiares dos doentes oncológicos seja uma mais-valia clínica e um veiculo primordial para a promoção de um clima de apoio e compreensão familiar.
Efetivamente, para além da promoção global do bem-estar físico e psicológico dos familiares dos doentes oncológicos é importante que existam fontes de apoio externas que os ajudem a suportar adequadamente as exigências / necessidades evidenciadas por um doente oncológico que necessita de muito apoio e compreensão por parte das pessoas que com ele interagem diariamente.
Deste modo, com a realização de uma consulta especificamente direcionada para os familiares diretos e/ou indiretos dos doentes oncológicos, pretende-se que seja possível dotar a citada população de capacidades e conhecimentos suficientes para gerirem adequadamente os problemas que a doença oncológica de um familiar acarreta, sem se desestruturem internamente e/ou causarem situações menos propicias à adaptação do doente à sua nova condição.
Dito de outra forma, a realização de consultas de Psico-Oncologia direcionadas para os familiares do doente oncológico têm uma tripla função:
1) promover o seu bem-estar e a qualidade de vida;
2) Ajudar ao processo de adaptação ao papel de cuidadores,
3) Fornecer conhecimentos e ferramentas que permitam que estes sejam capazes de promover o bem-estar e a qualidade de vida do doente oncológico em todas as suas dimensões, permitindo dar continuidade lógica a todo o trabalho terapêutico desenvolvido com o paciente, evitando-se assim, a ocorrência de problemas familiares que possam colocar em causa a estabilidade do doente oncológico.