Problemas Existenciais / Espirituais


DESENVOLVA A SUA ESPIRITUALIDADE (AVALIAÇÃO INICIAL GRATUÍTA).

CONSULTAS: PSICO-ONCOLOGIA ; HIPNOSE

Contacto Geral : 22 111 33 21 / 22 110 47 57 / 913 676 842

Porto / Póvoa Varzim / Santo Tirso / Bragança /Figueira Foz / São Paio de Oleiros

 

Carl Jung, muitos anos antes de se ter atingido o "estado de arte das ciências do foro mental atual", já ressaltava que a psicologia e, por consequência, os profissionais de saúde mental, devem preparar-se para lidar com temas que envolvam a espiritualidade humana, afirmando que "os conhecimentos que se exigem do médico não constaram do currículo na faculdade, porque este não foi preparado para cuidar da alma humana, pois ela não é problema psiquiátrico ou fisiológico, e muito menos biológico. É um problema psicológico! A alma é um território em si mesmo, que se rege por leis próprias. A essência da alma não pode ser derivada de princípios de outros campos da ciência, caso contrário violar-se-ia a natureza particular do psiquismo" Nas palavras de Jung, a espiritualidade é claramente um tema da psicologia, sem o propósito de doutrinar ou de assumir o papel de detentora de verdades definitivas.

Neste sentido, tendo em consideração que é própria Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra a espiritualidade como das quatro dimensões que definem a integralidade do ser humano, definindo "Saúde" como um estado de bem-estar completo que engloba componentes físicas, psicológicas, sociais e espirituais, e não apenas a ausência de doença física, a psicologia não pode negligenciar a espiritualidade humana, pois se assim fizesse estaria contrariando a totalidade do ser humano.

Como tal, não restam duvidas que cabe à psicologia considerar a espiritualidade como algo que é inerente à natureza humana e não rotulá-la como devaneio ou patologia, sendo importante termos em consideração que qualquer tema tratado que envolva a psicologia e espiritualidade deve passar sempre pelo crivo do bom senso de cada um, tendo sempre em vista que a espiritualidade não caberá num processo de racionalização porque caso contrário transformar-se-ia em algo que é cativo do ego.

Efetivamente a ciência moderna fez da razão consciente aquela que determinava a sua conduta, porém a conceção de inconsciente, que é atualmente amplamente aceite pela comunidade cientifica, fez com que existisse, pela primeira vez, necessidade um movimento de transformação dos seus constructos basilares. Como tal, é necessário que exista uma nova revolução: a de não mais se negligenciar o espírito do homem porque, deixamos de estar perante um assunto de caracter religioso para termos em mãos mais uma dimensão que pode ser avaliada, mensurada e tratada clinicamente, sob patrocínio da mais conceituada organização de saúde do mundo: a OMS.

Seja como for, é fundamental que todos os conhecimentos concernentes à espiritualidade sejam tratados como considerações e não como decretos da verdade, porque a espiritualidade é algo que faz parte do mundo interno de cada ser humano e a verdade dentro de cada um deve ser construída por aquele que habita e vive neste mundo interno, ou seja, pelo próprio. Cabendo ao profissional de saúde mental a função de considerar tudo que é expresso por seu cliente como material subjetivo para seu trabalho, independente das suas crença e/ou convicções religiosas ou ideológicas. Tudo isto sem ter medo de "caminhar na e pela ambiguidade, porque como refere Carl Gustav Jung, no Livro Vermelho: “[…] a ambiguidade é o caminho da vida. […] Você diz: o Deus cristão é inequívoco, ele é amor. Mas o que é mais ambíguo que o amor? O amor é o caminho da vida se você tem uma esquerda e uma direita. Nada é mais fácil que brincar de ambiguidade e nada é mais difícil que viver a ambiguidade.”

Não restando dúvidas que a problemática oncológica constitui um campo de trabalho muito vasto no que à espiritualidade e a existecialidade diz respeito, porque para além de estarmos perante uma patologia que coloca em risco a vida do ser humana, a doença oncológica continua a ter associada a si um fortíssimo estigma social que exacerba e concede muito mais preponderância às questões espirituais/existenciais e às concomitantes consequências psicopatológicas que as mesmas costumam despoletar, com repercussões evidentes na qualidade de vida e no bem-estar emocional dos pacientes.

Ainda a este nível, é importante fazermos uma breve referencia aos problemas existenciais propriamente ditos, pela interligação habitual que os mesmos têm com as questões espirituais. Quando falamos de Problema Existência ou de Transtorno existencial, estamos pura e simplesmente a referirmo-nos a um momento no qual o ser humano questiona os próprios fundamentos de sua vida (se esta vida possui algum sentido, propósito, ou valor) que pode, tanto resultar de, como ser confundida com, ou ocorrer junto com:

- Depressão;

- Privação de sono;

- Isolamento prolongado;

- Insatisfação com a própria vida;

- Grande trauma psicológico;

- Sentimento de estar sozinho e isolado no mundo;

- Uma nova compreensão ou apreciação da própria existência, talvez após o diagnóstico de um importante problema de saúde, tal como uma doença terminal;

- Crença de que a vida não possui um propósito ou sentido;

- Procura pelo sentido da vida;

- Perda do sentido da realidade, ou de como o mundo é;

- Experiência extremamente agradável ou dolorosa;

- Perceber que o Universo é mais complexo, misterioso, maior e além do conhecimento humano.

Sendo importante retermos que uma crise existencial é quase sempre provocada por um evento importante na vida de uma pessoa (trauma psicológico, casamento, divórcio, grande perda, a morte de um ente querido, experiência entre a vida e a morte, diagnóstico de uma doença crónica e/ou potencialmente mortal, surgimento de um novo parceiro amoroso, uso de droga psicoativa, etc), originando quase sempre à realização de uma introspeção, análise e perceção da própria existência, revelando, deste modo, a repressão psicológica de tal consciência.

Finalmente é importante referirmos que para alguns autores, a Crise existencial é considerada como uma consequência direta da depressão que pode ser resolvida, de forma muito simplista através:

- Ancoragem - consiste na "fixação de pontos dentro ou a construção de barreiras ao redor do espírito combatente líquido da consciência". O mecanismo de ancoragem fornece aos indivíduos um valor ou um ideal que lhes permite focar a sua atenção em uma forma consistente.

- Isolamento - Consiste num "desligamento totalmente arbitrário de todos os pensamentos e sentimentos destrutivos e perturbadores da consciência".

- Distração - Ocorre quando "alguém limita a atenção para as fronteiras críticas apaixonando-as constantemente com impressões". Distração foca toda a energia de alguém numa tarefa ou ideia para prevenir que a mente se feche em si mesma, e

- Sublimação - Consiste na reorientação de energia de pontos negativos, para os positivos. O indivíduo distancia-se e olha para sua existência a partir de um ponto de vista estético (por exemplo, escritores, poetas, pintores). Zapffe apontou que seus escritos eram frutos de sublimação.

Contudo, e apesar da aparente simplicidade processual, a utilização simplificada das estratégias anteriormente citadas só poderá decorrer com sucesso se existir um apoio especializado que saiba canalizar devidamente as energias psicológicas resultantes, podendo existir a necessidade de se se implementarem estratégias psicoterapêuticas muito mais estruturadas para dar resposta a situações e/ou a estruturas mentais e espirituais mais complexas.

Existindo sempre a condição "sine qua non" de se personalizar as intervenções às características do paciente.